Sobre tudo, um pouco causa e um pouco efeito de todas as outras desordens, o funcionamento irregular dos poderes publicos.
Qualquer que seja o valor do Homem e a rectidão das suas intenções, os partidos, os movimentos de cidadania (que estão na moda) que se criam para representar por direito a democracia, e exercem de facto a soberania nacional, mas sempre conspirando ao mesmo tempo contra o próprio poder.
A Presidência da Republica estável mas sem força (para já), o Parlamento oferece o espectaculo do desacordo, da incapacidade governativa, da falta sem justificação, do obstrucinismo total à justiça escandaliza o país com o seu procedimento e inferior qualidade do seu trabalho.
Aos ministros falta raciocinio geral e pensamento próprio, as linhas são para seguir mesmo que sejam linhas mal feitas, não podem governar mesmo que o desejem faze-lo.
todos acham que têem a tampa da panela indicada....
A administração publica mesmo a das autarquias que em vez de representar unidade e acção progressiva é neste momento o simbolo vivo da falta de colaboração geral, da irregularidade, da desorganização geradora, até mesmo nos melhores espiritos, do cepticismo, da indiferença e do pessimismo.
Intimamente ligada a esta desordem, que envenena toda a vida portuguesa, há em Portugal a desordem financeira e a desordem economica que agravando-se mutuamente, agravam ainda mais a desordem politica.
Chama-se a isto Desordem total num país que nem noutros tempos passou tão mal.